
Alegria
Palhaço: Alegria
Companhia: Circo Cristal
Naturalidade: Barbacena
Nacionalidade: Brasileiro
Data Nascimento: 04/06/1934
Telefone: (31) 3355-9896

Comecei a pesquisar o universo do palhaço desde os 15 anos, em uma casa de cultura do interior de São Paulo onde morava, na cidade de Valinhos, vizinha de Campinas. Minha professora, a atriz Alessandra Buffa, introduziu jogos e elementos cênicos clownescos aos alunos para diversificar a possibilidade atoral de improvisação e comicidade. Éramos muito jovens e não tínhamos o entendimento preciso sobre o que era aquilo, achei um tanto penoso, árduo, o processo, e não via graça nos palhaços que conheci na infância, palhaços que ficavam em portas de lojas para fazerem propagandas - então, olhava o nariz vermelho com preconceito. Mas na faculdade, no início da graduação na Universidade Federal de Ouro Preto, comecei a fazer incansavelmente exercícios de improvisação que chegavam ao universo ingênuo e cômico do palhaço. Uma grande amiga e atriz que já estudava palhaço, Eliana Correia, me convidou para participar de um projeto sobre o estudo do palhaço, por me achar cômico. E foi em um exercício de improvisação que meu palhaço, muito Branco, aliás, apareceu. Aos poucos, fui dando elementos para ele e para a minha mala de objetos. Tibúrcio era um nome que me fazia rir desde a infância, e precisava de um nome para começar. Iniciamos, sob a coordenação de Eliana, o projeto “O Palhaço no Hospital”, em Mariana, Ouro Preto e Itabirito, todos Minas Gerais. E foi na marra, no improviso, que meu palhaço foi crescendo e descobrindo uma infinidade de possibilidades. Ela dirigiu um espetáculo em que havia trabalhado desde Campinas, “Alguns Pecados Capitais”, que era a visão dos Pecados humanos sob a ótica dos palhaços. Este espetáculo tornou-se um grande sucesso nas cidades mineiras, e trabalhamos com ele durante cinco anos. Como era recheado de surpresa e improviso, pude me abrir sem armas, para o novo, para o provocativo universo do palhaço, que revela as fragilidades e mazelas humanas de maneira genuína. O hospital também abriu as portas do riso para nós, em uma atitude positiva perante as doenças dos internos, na busca de uma relação profícua entre o palhaço trajado de médico e o paciente. Tínhamos função de fazer rir com responsabilidade, sem agredir o leito hospitalar. Assim, os atores investiram na pesquisa do palhaço e terapia, indo estudar com pessoas ligadas ao clown, tais como Ésio Magalhães, Carlos Simioni, Renato Ferracini, Tiche Vianna, Doutores da Alegria, etc. Este conjunto de mestres nos auxiliou na busca de trajetórias entre o riso e o palhaço, sendo divisores de água no trabalho profissional e autoral do criador-palhaço ou palhaço-criador. Atualmente, trabalho no Instituto Mário Penna em Belo Horizonte, Hospital Luxemburgo e em outras cidades do interior mineiro. Acredito que o palhaço é uma construção infinita de amadurecimento pessoal, pois todos os dias, descubro novas possibilidades, sem fechar em uma fórmula encerrada em si. E todas as pessoas de nariz vermelho que passam pelo meu caminho, colaboram com a inovação e renovação do Tibúrcio, pois ele enxerga em pequenos detalhes como um brinco, um sorriso, um jeito, uma roupa, a possibilidade de fazer rir, de emocionar.
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Artista: Paulo Sérgio Pires
Palhaço: Popó
Naturalidade : Belo Horizonte
Nacionalidade : Brasileiro
Data de nascimento : 12/01/1972
Telefone : 31-99788541
E-mail : paulosergio72@hotmail.com
palhacopopo@gmail.com
Meu palhaço começou a surgir com os espetáculos do Grupo Armatrux, o qual fundei, dirigi e atuei por 12 anos. A fusão de linguagens do teatro de rua, do circo, dos bonecos foi o ponto de partida do grupo. Mas nessa época os personagens palhaços eram criados para cada espetáculo, ou seja, criei alguns palhaços. O trabalho de pesquisa do grupo para mim foi de extrema importância. Todos os cursos, oficinas, workshops e trocas com outros grupos de teatro e circo foram me mostrando as técnicas e possibilidades do palhaço e também me dando a certeza de que era isso o que eu queria como profissão. Quando saí do Armatrux e passei a trabalhar em carreira solo, fui chamado para um teste para o programa TVX, da TV Horizonte, com vários palhaços de BH. Fui escolhido para apresentar com um palhaço o programa, pois o palhaço Viralata, Rodrigo Robleño, estava deixando o TVX. A mistura de criar um personagem e apresentar um programa de televisão foi o que me motivou a criar o palhaço Popó, aquele que seria o meu palhaço, ou seja, utilizei toda a bagagem de espetáculos, cursos, vivências, experiências para criá-lo. Pude criá-lo da maneira que eu desejava, com minhas lembranças de infância, minhas referências e ideologias. Mas tive algumas premissas, como pensar na linguagem da TV para crianças e no caráter educativo do programa. O momento da criação do personagem juntamente com o início das gravações ao vivo na TV Horizonte foram bastante difíceis. O personagem ainda estava se consolidando, se encontrando, esse processo de descoberta do palhaço durou uns seis meses. E o aprendizado da linguagem televisiva também demorou um pouco até ser interiorizado e eu poder me dedicar à construção do personagem sem me preocupar tanto com a técnica da TV. A partir daí, o processo foi um pouco mais tranqüilo, porque nunca é tão tranqüilo, continuei fazendo cursos, comecei a apresentar na rua e outros espaços novamente e pude fazer do programa TVX um verdadeiro laboratório, um espaço de aprendizado, de pesquisa, de experimentação da linguagem palhacesca. Tendo sempre em mente que o público é de crianças de todas idades, que a construção de pequenas cenas abordariam temas de interesse do público infantil e do cunho educativo sem deixar de lado o caráter lúdico, excêntrico, provocador de risos e transformador do palhaço. As referências para a construção do meu palhaço são muitas, são da minha própria experiência de vida, do trabalho de pesquisa do Armatrux, de grupo belorizontinos como o Galpão e o Andante. Mas um momento muito importante pra mim foi quando comecei a conhecer e assistir grupos de outros estados, como os Parlapatões, Intrépida Trupe, Irmãos Brothers e Circo Zanni, que me mostraram outros métodos e maneiras de trabalhar o palhaço. E finalmente, quando conheci os que, para mim, são grandes mestres da palhaçaria: Tortell Poltrona, Jango Edwards, Léo Bassi, Chakovachi, Sue Morrisson. Estes últimos me ensinaram e ensinam o quão nobre, necessária e difícil é a arte do palhaço, mas que com dedicação árdua e tempo é possível chegar onde eles chegaram. O trabalho de pesquisa sempre foi pautado por momentos criativos, de leitura, de troca de experiência, de cursos e oficinas em diversas áreas. O teatro, a dança, a música, os bonecos, o circo, a mímica, e o palhaço são áreas de interesse, pesquisa e de utilização prática, tanto na televisão quanto no teatro de rua. A carreira de artistas circense, de palhaço não é muito tranqüila, o caminho é longo e tortuoso, nem sempre bem remunerado, nem sempre valorizado. Mas com certeza é o meu caminho, a profissão que escolhi, que me motiva e me realiza pessoalmente e profissionalmente. Um espetáculo bem feito, a ocupação de espaços, na mídia, na rua, com o palhaço Popó e a possibilidade de levar diversão e sorrisos para o público, e muitas vezes conseguir isso, é o que me motiva a prosseguir nessa jornada.
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